segunda-feira, 29 de setembro de 2014

20 - Wilson

Sinto muito, pessoal. Se você estiver com algum problema de saúde, principalmente cardiológico, não leia essa página, porque ela chora de saudade.


20 -  Wilson 




Wilson era, em muitos pontos, parecido com a Nilce: adorava cães, animais, aves. Indomável, independente, insubmisso. Enfim, um livre! Só odiava gatos, (daí o apelido (Mata-Gato), e corujas. Se via algum animalzinho, ou cão, ou passarinho mancando, pegava-o com delicadeza, sentava-se no chão, fazia-lhe uma tala na perninha ou na  asa ferida, amarrava-a com cuidado e deixava-o ir embora. Os cães o seguiam como a um deus.
      Sempre foi um libertário, revoltado contra imposições. Não aceitava ordens de ninguém, nem de pessoas, nem de modismos de sociedade. Era espiritualista, tinha poder mental. Curava minhas raríssimas dores de cabeça, com um toque e uma prece. Nossa família sempre foi católica. E o Wilson, jovem ainda, encontrou um outro caminho para Deus. Não sei se alguém o levou ao espiritismo, ou se ele descobriu essa opção sozinho, só sei que foi bom para ele e para nós. Pelo que conheço dele, achou o caminho sozinho.
      Wilson, na juventude, adorava mulheres: não importasse a cor. Loiras, mulatas, morenas, negras ou ruivas. Como Vinicius, sabia reconhecer a feminilidade delas e as encantava com seu jeito direto e simples, muito brincalhão e sorridente, além de seduzir com seus olhos verdes, expressivos e sinceros. (Esses olhos verdes não eram de traição, não! Não acreditem no fado!)
       O Ito era orgulhoso demais. Tinha temperamento forte, mandão, urgente. O que pedia tinha que ser feito na hora. O que mais o caracterizava era a sinceridade, a valentia e a coragem. Não tinha medo de nada. Nem de ninguém. Nem da doença, nem da morte.
        Wilson  era um predestinado:a ser porta voz de minorias: até  a canção predileta, que cantava sob o chuveiro, ou aos domingos, após o almoço, era Angelitos Negros. Quem conhece a letra, já vê que ele era o cara.  Solidário, justo, honesto, verdadeiro.
            Seu jeito de ser era extravagante para os olhos da época. Mas vejo agora como ele foi um precursor! Um pioneiro. Querem ver?
       1- Naquela época, ninguém saía de casa antes de casar. Pois o Wilson comprou sua casa e pra lá se mudou, bem solteiro. Um pioneiro, não falo isso?
     2- Nos anos cinquenta, ninguém da sociedade usava havaianas. Só as pessoas de classes humildes as utilizavam. Pois o Wilson viu logo o que todos sabem hoje: que não há nada que se compare ao conforto que esses chinelos oferecem. E ele andava em qualquer lugar, com as havaianas. Não me lembro de ninguém, de nossa roda, que as usasse. Talvez o Emir, um atípico, como ele. 
       3- E nestes anos doidos, quem usava camiseta hering, ostentando o físico perfeito? Só ele, Wilson, sem medo de ser feliz. Lembro-me muito bem que se consideravam cafajestes os moços que se exibiam com as camisetas hering. E eram sempre  de classes trabalhadoras braçais. Mas ele nem ligava para os nossos preconceitos. .
         Fora que se comportava mesmo como um cafajeste, dançando agarrado e se divertindo muito, namorando uma e já almejando outra. Quem quiser saber o que é um cafajeste, veja o clipe:
          https://www.youtube.com/watch?v=4GnnRiezYd8, com Thaeme e Thiago

         4- Outra coisa: Não me lembro de ninguém de nossas relações que cultuasse o corpo.  Wilson fazia musculação e seu corpo era perfeito, braços, cujos músculos fortes e desenvolvidos lhe obedeciam e subiam ou desciam. Os músculos do abdome também: para cima, para baixo. E, naquela época, ele antecipou a barriga de tanquinho. E no braço de ferro era invencível.  A gente olhava aquilo perplexa. Hoje, ele, Ito, poderia ser um esplêndido personal trainer. Ou seguir estas carreiras glamourosas de aventureiros, porque coragem era seu forte. Hoje poderia ser tanta coisa! E nos deixou cedo demais.
 
      Wilson tinha amigos os mais disparatados e diversos: pobres, ricos, sábios e loucos. Seus amigos eram de classe alta, média ou pobre. Eram brancos, pretos, ou o que fosse. Ah, ele nunca teve nenhum preconceito. Tinha alguns amigos como ele, que não se encaixavam muito bem naquele momento histórico. Eram os estranhos no ninho. Wilson e Emir, filho de um alfaiate famoso de Bauru, eram farinha do mesmo saco, vivendo e mantendo-se independentes, com trocas de objetos, que eles chamavam de rolo. Nunca compravam uma coisa, trocavam algo por ela. 
      Aquele modo de vida nos parecia terrível, até o dia em que fomos assistir a um filme, com Debbie Reynolds, se muito me engano, em que o pai da heroína nem poderia ser autuado pelo IR, porque tudo que tinha era adquirido por troca com outro objeto. A partir daí, passei a admirar mais meu irmão. Os negócios de Wilson e de Emir já tinham até servido de tema de filmes!! Jarbas também era do trio, mas escolheu um futuro mais acomodado que o dos amigos: Pedagogia. Mas quem os conheceu, sabia que os três  eram diferentes: não viam a vida pelo prisma das pessoas comuns. Enfim, estranhos no ninho. Não queriam seguir o que fosse determinado pelos mais velhos. Eram indômitos, orgulhosos, felizes e infelizes. Não chega a ser muito estranho que os três morressem mais cedo?.
      Norma e eu não conseguíamos entender o sucesso do Ito: as mais entojadas e frescas meninas ricas da cidade eram superamigas dele. Wilson passava, com seus carros velhos, pela casa delas, convidava-as pra passear e elas, para espanto geral - tão diferentes eram dele -  iam ao seu encontro correndo, e rindo de felicidade Pois era assim mesmo. Wilson conseguia ser amigo de pobres e de ricos, de gente esnobada e de gente simples. Ele os entendia a todos. E todos o entendiam: um moço original e livre, livre de imposições ou de preconceitos.
      Wilson era alegre, jovial, esportivo. Nadava, jogava tênis , jogava xadrez e, em todas essas modalidades, conquistava prêmios, taças e medalhas. No xadrez, deixou um nome brilhante.
            Nos bailes, era um pé de valsa, mas gostava mesmo é de dançar gafieira! (Ai, olha só o brilho do cafajeste. Pra nós, cafajeste era o mulherengo, de atitudes em desacordo com o código social, olhar atrevido, roupas e gestos chamativos, nada a ver com a definição de Aurélio.) Sempre havia as parceiras perfeitas pra essas danças sensuais. Era mais ou menos um escândalo, aos olhos da sociedade careta. Mas ~lógico - havia imitadores, aos montes! E haja exibição!! Hahahá! Que noites no Tênis Clube!
Uma vez, fui ao Tênis Clube, com minhas amigas, Júlia, Jussemy, Mari e  L, esta com seu irmão. Na hora de pagar a conta, o desavisado irmão de L resolveu, com garbo, saldá-la. Ah, ele não conhecia o Ito, que chegara um pouco depois  da conta ser entregue, e não percebera estes fatos. Vai daí que o Ito chama o garçom e pede a conta, ao que lhe responde o embasbacado garçom que a conta já havia sido paga. Ora! Onde já se viu querer pagar a conta pela segunda vez! Mas ele não conhecia o Ito. Meu irmão olhou ofendidíssimo para o gajo atrevido que antecipara o pagamento e propôs pagar-lhe o total, porque a obrigação era dele, era ele meu irmão. Não passou pela cabeça do Ito que o .R era irmão da L  Mas a coisa não ficou na maciota, não. O Ito logo se exaltou, e, com aquele físico famoso, já se preparava para tirar o paletó ! Já viram com quais intenções! Conseguimos pôr água fria naquela fervura , o Ito ressarciu o pagamento e fomos pra casa, Era assim o Ito. Imaginem quantas brigas ele e o Nelson não arrumaram, na infância e na juventude. 
            5- Wilson, à noite, depois das baladas de então, ia pra cozinha e preparava um molho de tomates, tão bem temperado, que o cheiro ia acordando um a um de nós. Fritava ovos e os  regava com aquele molho olímpico. O Ito era tão bom, tão sem egoísmo, que ia batendo nas portas dos quartos dos irmãos e chamando-nos com o convite de saborear o que preparara. Taí. Mais uma profissão que lhe caberia hoje: tocar uma  lanchonete, ou sei lá. 
         Três vezes Wilson foi mordido por cachorro com a doença da hidrofobia. Eram cachorros de casa, mesmo. Só que o Wilson não acreditava que pudessem estar doentes e sempre tentava dar-lhes comida e água.  As coisas, lógico, fugiam do controle e a doença o contagiava. O médico que aplicava as injeções no Wilson era muito amigo da família. E, no baile de minha formatura de faculdade, o Wilson, dançando comigo, encontrava no salão, o médico que o livrara do perigo. E o cumprimento dos dois era:
         -- Auau!
         -- Auauau!
         Hahahá!
              Mas orgulho-me de lembrar que, quando brigávamos, na juventude, durante o dia--  por razões que nem ficaram na lembrança -- à noite, já fazíamos as pazes.  E, antes de dormir, encontrava sob o travesseiro um bilhetinho pedindo desculpas. Assinado: Wilson. Incrível e indomável irmão!  Numa de suas raras viagens a São Paulo, foi pra mim que trouxe um presente: um disco de música clássica, com o lindo título em vermelho: “O Coração do Concerto”. Ele, que, assim me parecia - vejam como me enganei! - nem dava bola pro meu piano. Ah!
             Wilson, por seu temperamento fogoso, teve muitas namoradas e até amantes..
Todos nos preocupávamos muito com isso.
     .      Wilson, um dia, viu uma jovem loira, de aspecto angelical e apaixonou-se. De cara! E  para sempre. Adeus, garotas de programa, adeus, amantes! Wilson estava apaixonado perdidamente. Ficou endoidecido por ela e montou guarda na esquina de sua casa. Não sairia dali enquanto ela não lhe desse uma chance. O nome dela era N. O Ito ficou meses naquela vida de esquina só pra vê-la. Nós, em casa, começamos a chamá-lo de Esquininha, apelido dado por Nassib, o que rendia gargalhadas de todos nós e um sorriso superior do enamorado. E ele montando guarda na esquina da casa de N.. Mas eis quê!!! Sua persistência valeu o começo de um namoro, que o tornou melhor e mais, muito mais feliz. Namoraram por dois ou três anos. Ela frequentava nossa casa e todos lhe queriam muito bem. Era uma garota doce, ajuizada, ideal pro Wilson. Infelizmente, um dia houve a ruptura deste namoro, e a Beatriz de nosso Dante acabou por se casar com outro.  Quando soube que N ficara noiva, se sofreu, ninguém soube.
       Porque àquela altura, já estava encantado por uma jovem, de origem japonesa, Matil, que fora educada pela mais famosa família de professores  de Bauru. E com essa jovem não teve dúvidas em dar aquele passo, que, com a outra, tanto temera: noivou e casou. .Aquele amor que parecia eterno, do nosso Esquininha, transformou-se em eterna amizade. Estava pronto e amadurecido para um grande amor, pronto para formar uma família. Casou-se com Matil, quase em segredo. Ninguém de casa foi comunicado. Só a Renée e família sabiam do enlace. Renée, sempre com seus braços acolhedores.
      O começo de vida do casal foi muito feliz. Matil sempre uma companheira disposta e alegre. Ela dava-lhe a segurança de uma esposa calma, prendada, inteligente, delicada. Portanto, escolheu a pessoa certa para seu gênio indócil e independente. 
      Matil e Wílson tiveram três filhos. Em sua vida, como marido e pai, foi sempre dedicado. Sempre com aquele tipo de profissão: troca de coisas por outras. Isto não lhe dava muita tranquilidade financeira.
  Mas, mesmo com seus rolos, Wilson, depois de casado,  dava à família toda a segurança  de um lar provido. Nunca pediu nada a ninguém. Ele sempre se bastou.
       Wilson e Matil tiveram três filhos, perfeitos, graças a Deus: Stella, Yolande, (a Landinha), e o Júnior, que, como o pai, se destaca no jogo de xadrez.. Eles vencerão na vida  com a força de sua herança genética: garra do pai e  versatilidade da mãe.
      Depois de alguns anos de casados, quando Ito e Matil já tinham seus filhos, Wilson levou um choque, quando mexia numa antena de televisão. A partir daí, seu corpo foi enfraquecendo, seus músculos se deteriorando, até o momento terrível dos seus últimos meses de vida, em que só mexia os olhos. E com os olhos ele se comunicava. Ai! a dor de ver que o que ele fizera de melhor, a educação de seu corpo à perfeição, esboroava-se a olhos vistos. Um consolo: a lucidez ele manteve sempre.
     Uma vez, nós o levamos a Ribeirão Preto: Labib, Nassib, Humberto, Wílson e eu. O médico examinou o Wilson e começou a dar o diagnóstico terrível, como se o paciente não o estivesse entendendo. Um bruto! Saímos rápidos de lá. Humberto carregou o primo, da maca do consultório até o carro. Ah, Humberto! Para nós sempre foi um irmão. A boa vontade, a energia do primo se casavam com o carinho que tinha por nós e nós por ele!. Estava sempre pronto para nos ajudar. E sempre com alegria. Para mim, Humberto foi o mais irmão que um primo possa ser. E acho que o mesmo para todos os meus irmãos. Voltamos e o Humberto e Nassib fazendo o possível para desanuviar o clima, mas o Labib e eu acabados de tristeza , sem conseguir fingir.  Ah, e Wilson sabia tudo, entendia tudo, sofria mais por isto.
      Nesta época, eu lecionava no Morais Pacheco, de manhã e à tarde. Quando chegava a nossa casa, minha mãe nem me deixava sair do carro.
           -- Sônia, por favor, leve este jantar para seu irmão.

      Era duro ver o Wilson naquela situação. Matil estava sempre serena, forte, sem queixar-se do destino. Eu sofria por ver aquele irmão, que fora tão forte, que tivera um físico invejável, reduzido àquela fraqueza e imobilidade. Se eu sofri, como deve ter sofrido minha mãe, que sempre o protegera, por seu gênio diferente , insubmisso, indomável.! Como deve ter sofrido Matil! Wilson viu, dia a dia, seu cuidado corpo se enfraquecer. Viu as primeiras negativas de seus músculos tão treinados! Acompanhou o definhar de seu físico com uma força interior insuspeitável, inimaginável. Suportou a privação dos movimentos, a ausência da fala! Wilson se santificou em vida. Ninguém poderia imaginar, ninguém poderia sequer pensar que aquele que fora tão urgente, tão indomável, tão insubmisso, tão liberto, fosse aceitar provação tamanha! Prisão tamanha! Sem uma queixa. Só o vi chorar uma vez! Como dói até hoje essa lembrança! No mais, parecia que ele é quem nos consolava.
                Nassib, nesses tempos terríveis em que a doença ia-se apoderando do corpo do irmão, foi quase um pai. Claudicando, com a perna sempre o arrastando à dor, não se deixava vencer e quase todos os dias ia ver o irmão. E sempre levava algum prato que a Jeannete preparara para o jantar. Não havia o que ele não tentasse para ver o irmão restabelecido
             Rezávamos, líamos,fazíamos promessas. Nada surtia efeito. A doença galopando.  Até pessoal de umbanda chamamos em casa para rezar por ele. A umbandista andava sobre as brasas vermelhas e, tomada por algum espírito (ou representando) repetia frases que não nos davam nenhuma esperança.
              Não fui a melhor irmã pra ele. Talvez tenha sido a Renée, com sua tolerância, calor humano  e aceitação.Ou a Alice, com sua sabedoria e compaixão. Ou a Nilce, com suas provisões. Ou a Norma, com suas narrações divertidas Eu só inventei um alfabeto com que ele pudesse se comunicar, através de piscadelas 
             Todos o amavam, e sofriam com ele.
            Este meu irmão era pra ter nascido nestes tempos de hoje.  Personal trainer, atleta, aventureiro, especialista em pets, espiritualista, chef, enxadrista, cuidador, tanta coisa. Em nosso tempo, estava um pouco perdido. Sim, o tempo dele deveria ter sido agora. Mil caminhos de sucesso. Mil estradas de realização.
Wilson foi embora antes de completar quarenta anos. Foi a primeira perda na família. O Nassib chorava:
            -- Sônia, já não somos nove!. 
         Stella, Yolande e Júnior muito cedo, se viram órfãos de pai. Ele nunca os abandonaria, se pudesse escolher. Que a força do Wilson invada suas vidas e as aperfeiçoe e os faça progredir no sentido da felicidade e autorrealização.
      Matil, você foi heroica em suportar  aqueles dois anos de doença, e doença cruel que escolheu seu marido. Uma cruz pesada demais para ele, mas que você ajudou a carregar, tornando-a mais leve, com seu jeito calmo e forte. Tanto que até os últimos dias, Wilson assistia a jogos pela TV, torcendo caladamente por seu time do coração: Santos Futebol Clube.
       Wilson, meu querido Ito, você foi um espírito independente desde sempre, insubmisso, insubordinado, um visionário. Pra tudo você queria urgência! Tinha sempre pressa. Você talvez já vislumbrasse que seu tempo era curto para tudo que você poderia e queria fazer. Para você não existiam diferenças de cor, de raça, de nível social, de credo religioso. Espírito liberto de grilhões que acapacham a mente e a alma, lembrar você é sentir a força da juventude, o encanto e o mistério de uma personalidade que não se dobrava nem à força, nem à autoridade:  Mas que se rendeu conformado ao desígnio de Deus.
      Wílson, cem por cento sinceridade. Cem por cento valentia! Cem por cento verdade! Cem por cento coragem!
         Wilson. Cem por cento coração!

22 - Os Amigos dos Gêmeos:( adolescência)

22 - Os Amigos dos Gêmeos


O amigo mais fiel do Wilson era o Jarbas, o Tochinha, também campeão de tênis. Tinha esta alcunha obviamente por causa de seus cabelos vermelho-fogo. Era um garoto bom, sem vícios, sem maldade. O Topetudo  era também super amigo do Ito. Passava todos os dias cedinho em casa com o célebre e belo assobio-senha da turma. Iam para o Guedes, onde faziam seus estudos. Logicamente, o Emir era o amigo com quem mais o Wilson se entendia. Eram almas irmãs.
O assobio era a senha entre eles todos. Assobiavam na rua e, se um dos gêmeos estivesse em casa, haveria a resposta assobiada. Aí era só esperar, ou na varanda, ou na rua. Nelson e Wilson compartilhavam outros amigos, como o Zequinha, filho do dr. Nuno de Assis, prefeito e benfeitor de Bauru. O Zequinha era a perdição nos sonhos das garotas. Era lindo, moreno, cabelos lisos e duvido que houvesse alguma garota que não sonhasse com ele. Não me excluam, apesar de que era a mais nova na roda, a mais tola e a mais sem graça. A felizarda que o namorou foi a M, minha vizinha. Não me esqueço da conversa dela com a D, sua irmã mais velha:    
  --D, como é que eu dou bola para o Zequinha?
E a D:
         --  Pergunte se ele tem relógio, que horas são.  Dê uns olhares  pra ele.
          Elas diziam isto e outras coisas sem nem sequer considerarem que eu estava ouvindo. Para elas eu nem existia. Era este o conceito espetacular que faziam de mim. Eu era um nada ambulante! 
      Pelo jeito, os conselhos da D surtiram efeito. No dia seguinte a danada da M estava de namoro com nosso artista principal. Merda! Sonhar não custava nada! Só que como M era minha vizinha, tive que assistir ao seu namoro com o Zequinha e, nos bailes do tênis, apreciar os amassos que eles se davam. 
            Os melhores amigos do Nelson (Neto), além do Zequinha, eram o Johnny, o Shubert. e o Abel. Johnny era quem mais convivia conosco. Educado, amigo, atencioso. Amoroso com minha mãe. Era o que mais ficava em casa. Almoçava, jantava e sempre naquela atitude jovial, engraçada (não tanto quanto o Nelson, que era impagável) e respeitosa. Os assobios-senha que eles trocavam eram muito bonitos e sempre nos causavam um frisson, porque não sabíamos quem estava chegando. (O Shubert continua amigo do Nelson até hoje. E, nas manhãs de  fim de semana, lá estão juntos, na Batista, conversando e rindo.) 
         O Nelson foi angariando muitos amigos, pela mocidade. O Cesário era um deles. Morava bem em frente ao portão do Colégio São José. Era outro bonitão. Às saídas do colégio, ele estava sempre na varanda de sua casa, sempre atento àquele turbilhão de garotas que saíam do São José. Eu o achava lindo, mas não confessava isto a ninguém. Se os outros nem sabiam de minha existência, quando eu estava presente e absolutamente transparente, imagine aquele Gregory Peck, de frente àquela enxurrada de meninas saindo da escola, no período da manhã! Mas, por algo que escapa à minha inteligência, ele sempre me via, um rostinho tímido e nada bonito, no meio da algazarra escandalosa das alunas, e – pasme, Sônia! – sempre me cumprimentava. Ô doce de pessoa! 
           
          No Banho à Fantasia no domingo de carnaval, programa tradicional do Tênis, eram eles e mais outros da turma, como o Nabo, que provocavam alegria e risos nos associados.
        O casarão 11-40 da Cussi Júnior fervia de animação e de movimento. Os amigos dos gêmeos ora os chamavam para irem juntos ao Guedes, ora para nadar, ou jogar tênis no clube. Sem contar as noites de bailes e de carnaval.  Seus risos e brincadeiras povoavam o quarteirão, trazendo-lhe luz e alegria.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

19 - Os Gêmeos



19- Os Gêmeos


(Nelson e Wilson)
      

       (Em 1932, não havia os maravilhosos aparelhos do mundo moderno, que trouxessem aos futuros pais a certeza sobre o sexo do bebê. Claro que acredito nO Pequeno Príncipe. "Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz" Mas havia, nos idos tempos, o encanto da surpresa, com explosão de alegria!)


 Nelson e Wilson eram gêmeos dizigóticos, ou não idênticos. Dois óvulos foram fecundados simultaneamente por dois espermatozoides e resultaram nestas duas pessoas de físico diferente, gostos e gênios nem tão diferentes. Semelhanças e diferenças.
Wilson, ao nascer,era mais desenvolvido e forte que Nelson. Quando chegava alguma visita, os pais mostravam Wilson, porque assim deixavam Nelson recuperar-se melhor. E foi o que aconteceu. Logo Nelson desenvolveu-se e tornou-se um garoto forte e risonho.
         Na hora do parto, houve uma confusão. A profissional, que assistia minha mãe, a boa e fiel parteira, ficou esfuziante ao arrebanhar o Nelson. Mal as exclamações de júbilo se repetiam, quando a parteira, voltando a cuidar da paciente, viu que: 
          -- Ó céus! Tem mais um bebê chegando!
         Loucura, loucura! Nem se cogitava na época , que, um dia, pudesse existir um aparelho de laboratório, que pusesse fim a esse doce suspense.
         E aí, Wílson chegou. Alegrias! Risos! Gritos de graças a Deus! Caos nos corredores compridos da casa. Caos no quarto de Sálua e Alfredo, Caos no casarão de Piratininga. Luzes acesas, iluminando a festa, vista das ruas. Estouros de champagne, chocolates em profusão, charutos cubanos, uma comemoração que parecia não ter fim. Se o barulho da família não bastasse, com o deslumbramento dos irmãos mais velhos, Alice, Renée, Labib, Nassib, Nilce, os gêmeos atiçavam a bagunça com gritos e choros de fome sem fim.
         Sálua, já muito temerosa, com o olhar, pediu socorro a Alfredo. Era muita fome pra só dois peitos de leite! Alfredo, numa rápida e instantânea compreensão, acalmou sua esposa:
         -- Não se preocupe.  Amanhã trarei leite da melhor vaca da Fazenda Matão. (É! Naquele tempo, nada de leite Ninho!!)
         Por uma lua muito cheia, em Piratininga, no mesmo dia, 8 de dezembro de 1932, nasceram outros gêmeos. Alfredo logo que soube, na mesma noite, mandou recado à outra mãe de gêmeos:
         -- Avisem a companheira de Sálua que amanhã trarei leite para os filhos dela, também. Porque não há mulher que consiga amamentar gêmeos meninos, que têm mais fome.
         E, assim, no dia seguinte, e, por meses a fio, Alfredo, antes de chegar a sua casa, passava pela dos outros bebês gêmeos e deixava um latão de leite. Continuou a fazer isso até quando foi necessário.( Parece tão simples, hem? Um gesto de solidariedade. Muitas décadas depois, Alfredo, já septuagenário, saía da Fazenda, à tarde, quando viu, logo perto da Água Branca, uma barraca de vendedores de abacaxis. Parou, escolheu uns oito a dez abacaxis e perguntou aos vendedores quanto lhes devia. Os  moços lhe responderam enigmaticamente:
         -- Nada. Aqui o senhor é sócio. 
         Alfredo ficou boquiaberto, sem entender tanta gentileza. Afinal ele estava levando de oito a dez abacaxis. Não tinha razão de ser aquela atitude dos vendedores.
         -- Como assim? Quero saber quanto lhes devo por essas frutas.
         -- Sr Neme, aqui o senhor não paga. Somos os gêmeos a quem, em nossos primeiros meses de vida,  o senhor levou diariamente um latão de leite.
         Grandes abraços selaram o reencontro, com notícias recíprocas.
         Pois é! A vida tem surpresas lindas!! )
         Depois de contornado o problema do leite, a casa nunca mais foi a mesma. Quando um  bebê chorava, o outro também se punha a gritar. Era um atropelo de gente, de mãos, querendo ajudar Sálua. 
         Os gêmeos eram vigiados por todos. Mas Nilce, pela idade próxima, já começou a tornar-se a figura companheira e protetora dos gêmeos.
.
          Cresceram aprontando todo o tipo de peraltice. Sabiam brincar como ninguém.
         Eram dois meninos levados da breca. Nelson era tão risonho e elétrico, que logo que começou a assistir a filmes e seriados de bangue-bangue, se sentiu o próprio herói. Descobriu onde Alfredo guardava o revólver, pegou-o, empunhou-o e, correndo, pôs-se à frente de Sálua, sua mãe. Apontou o cano da arma para ela e : 
         --  Mãos ao alto!!   
         Sálua não acreditava que isto estivesse ocorrendo com ela. Seu coração dava pulos de susto. Procurava enganar o garoto, mas com ele não havia conversa, não! E tome “mãos ao alto” de novo. Autoritário, petulante, como convinha ser um mocinho. Inteligentemente, Sálua foi distraindo-o, sempre de mãos ao alto, chamando em árabe por Êssar, e avisando-o – em árabe -- da situação difícil em que estava. Lógico: com as mãos bem erguidas. Alfredo, pé ante pé, ficou atrás do garoto cow-boy e conseguiu rapidamente tirar-lhe a arma. Depois do susto, Nelson recebeu umas agulhadinhas nas pequenas mãos, para não mexer mais no que era proibido. Nunca mais Alfredo deixaria o revólver em uma gaveta. Sempre iria guardá-lo embrulhado num pano e num jornal e o deixaria em cima do guarda-roupa. Bem longe de mãos espertas e abelhudas.
       Os gêmeos deixaram marcas por onde passaram. Aprontavam sempre, entre si, ou com os amigos. Aquelas mãozinhas não ficavam paradas em nenhum momento. E o fato de Sálua precisar sempre de Êssar, para ajudá-la com os gêmeos, originou uma brincadeira, não muito psicológica, nem pedagógica. Êssar cuidava sempre do Nelson e Sálua, do Wilson. 
 -- Sálua, cuide de seu filho.
 -- Êssar, seu filho está chorando.  
       Quando eram pequenos, os dois artistas eram muito criativos. Aprenderam logo a fazer seus estilingues, suas pipas, que  chamavam papagaios. Um belo dia, sentiram que precisavam fazer uns estilingues melhores. Pensaram no que poderiam precisar: foram ao quintal, procurar os materiais aproveitáveis para a operação estilingue: não tiveram dúvidas. Ali  na garagem tinham todo material necessário. Mãos à obra.
       Quando Alfredo chegou da fazenda, guardou o carro na garagem e começava a descarregar as frutas e os latões de leite que de lá trouxera, como todos os dias, quando...
TãTãTãTã!!!!!! Seus olhos depararam com uma cena pra lá de insólita e incrível: a câmara de ar do pneu estava toda recortada.. Hã! Já se sabe para qual fim! Êssar xingou em árabe: “Ehredíneque”, que eu sempre traduzi, como Desgraçados! que, na época, era o pior palavrão em árabe  e em português que eu conhecia. Aquilo era além da conta. Alfredo ficou uma fúria. E logo concluiu que os autores da façanha eram os gêmeos. 
     -- Sálua, esconde os meninos de mim, porque se eu  os pegar ...
    Ameaça de perigo no ar.
  Foi graças à presteza de sua mãe que os gêmeos deixaram de levar uma bela surra. Sálua os escondeu muito bem, com um aviso de não saiam daí e só saiam quando eu os chamar. 

         Eram traquinas e brincalhões. Davam a vida por uma brincadeira. Eram bons em tudo
         
         Nelson e Wilson, tinham inúmeras amizades, nascidas na vizinhança, ou na escola, E havia, na vizinhança, garotinhas de sua idade, muito lindas. Vai daí que os dois sacaninhas, na pré-adolescência, resolveram espiar uma  linda garotinha da Gustavo Maciel. Era uma atividade que eles chamavam buraquear. Entravam sorrateiramente no quintal da casa da mini miss, e, pelo buraco da porta de madeira, espiavam à vontade. Estavam eles nesse doce mister, quando mão poderosa agarrou a cabeça do Nelson e outra mão nervosa pegou com força descomunal a cabeça do Wilson, fazendo-as se chocarem violentamente uma contra a outra. Nesse instante, os dois "santinhos", ( no dizer da avó ), viram estrelas.
         Com mais uns sopapos, foram mandados pra casa, pelo pai da garota. O que eles viram buraqueando só com eles ficou. A violência das grossas e fortes mãos deixou nos pescoços juvenis uns vergões e outros arranhões..
         Quando Alfredo chegou da fazenda, chamou os gêmeos para o ajudarem a tirar as botas. Depois de lhe beijar a mão, Nelson agarrou uma bota, colocou-a no meio das pernas e de costas para o pai, foi puxando a bota, enquanto, com o outro pé, Alfredo o empurrava, pela nádega,   e, desse modo sui generis, a bota era tirada do pé. 
         -- Nelson, que é esse arranhado no seu pescoço? Deixe ver, você também, Wilson...
         -- Nada, pai. 
     -- Podem contar já, que sei que vocês andaram aprontando.
         Nelson e Wilson não tiveram outro jeito a não ser narrar.
         Alfredo ouviu, sem comentários, levantou-se, aprontou-se, enfiou as botas que acabara de descalçar, botou o revólver na cinta e ...
         -- Venham comigo.
         Em frente à casa do pai da linda garota , tocaram a campainha.
         -- Quero que o senhor saiba que não aprovo o que os meninos fizeram, mas estou bem contrariado com o que o senhor fez com eles. Ninguém bate em meus filhos, a não ser eu.
         E o revólver na cintura  falou o resto.

         Resultado: o valente pai pediu desculpas aos garotos.
        Hahahá! Seu Alfredo, que só atirava em codornas, mas que carregava todos os dias seu revólver 38!

       Os gêmeos eram a delícia da Sêti (vovó em árabe). Fada. Era maluca por eles. Defendia-os com paixão, dando desculpas para quaisquer artes que fizessem. Sempre falando em árabe, e só em árabe, tinha sempre argumentos que inocentassem os dois anjinhos de qualquer travessura. À mesa, durante as refeições, sentava-se entre eles. Havia um elo entre os três: quem pegasse logo a mistura, passava-a para o outro. O Ito sempre lhe servia um pedaço bom de frango, antes de servir-se a si próprio. Sabe, o Ito não fazia cerimônia: escolhia sempre antes de todos e do pedaço de frango de que mais gostava. Mas sabia proteger o prato pronto da avó. A Sêti sempre comia calada, sem pedir nada. Ela nem se preocupava com as misturas: os gêmeos cuidavam do prato da seti antes de se servirem a si mesmos.
       E assim chegaram à adolescência. Eram jovens, pertenciam à melhor sociedade bauruense, contavam com muitos e sinceros amigos, estudavam no Colégio Guedes de Azevedo, um centro não só educativo, como social.
       Houve uma vez em que a Sêti desapareceu de casa. Foi um tal de procurar, nos quartos (eram seis), nas salas (eram três), na cozinha, na cozinha caipira, na copa, no quintal, no quarto de empregada. E nada da Sêti. Estavam meus pais tremendo, sem saber a que atribuir o desaparecimento da matriarca, quando começaram a ouvir vozes e risos, da rua, aproximando-se de casa. Era pura felicidade que chegava. Nelson e Wílson ladeavam a Sêti, abraçando-a, às gargalhadas com ela. Pois ela fora ao Tênis vê-los praticar natação e tênis. Sozinha, sem dar satisfação a ninguém, dirigira-se ao Tênis Clube, que ficava a meia quadra de casa, entrara no clube e, sem falar uma palavra em português, conseguira saber onde os gêmeos estavam. (Decerto Bauru inteira da época conhecia a figura). Subira a escada que dava para um belvedere, de onde se observavam os tenistas e os nadadores e de lá de cima encontrou suas joias raras. A alegria dos jovens foi imensa. Mandavam-lhe beijos, entre uma raquetada e outra, ou entre uma braçada e outra. Fada os olhava com amor infinito. Estes eram seus garotos. Seu peito se encheu de orgulho, vendo seus corpos perfeitos e fortes, seus movimentos ágeis e certeiros. Seus netos gêmeos: uns primores de atletas. 
       Os gêmeos eram figuras carimbadas da sociedade bauruense. Além das possantes vozes, que exercitavam debaixo do chuveiro, eram atletas natos. Participavam dos campeonatos de natação, de tênis, de xadrez. Eram bons mesmo. Nelson brilhou na natação, conquistou muitas medalhas e taças, expostas numa cristaleira ( junto com as de papai nos campeonatos de bridge). Nelson foi campeão paulista de nado livre. Quando ele nadava, havia um coro de fãs que exclamava:
-- É um peixe!!! É o Aranha!
  Wilson já se destacava mais no nado clássico e borboleta. Também ganhou vários campeonatos, lembrados em medalhas e taças. No xadrez, Wilson conquistou muitas vitórias em campeonatos. Seu nome brilhava entre os melhores enxadristas. Nelson também teve sucesso no xadrez. 
       Eram jovens, amados, simpáticos, felizes. Pertenciam à nata da sociedade e não faltavam a nenhum baile, fosse do Tênis Clube, fosse do Automóvel Clube, ou do Grêmio. Sem contar as folias no carnaval, os banhos à fantasia das tardes de domingo de carnaval, na piscina, e ainda sem mencionar os bailes no clube  Panela de Pressão,que, como o nome indica, era propício a essas danças atracadas. Lá a gafieira corria solta. E Wilson esbanjava talento naquela dança maliciosa e atrevida. 
      Imaginem quantas brigas ele e o Nelson não arrumaram, na infância e na juventude. E em casa mesmo, por causa dos temperamentos fortes dos dois, houve muitas discussões com meu pai, com meus irmãos mais velhos. Houve dias em que eles falavam para mim e para Norma: ( As outras irmãs já estavam casadas.)
            -  Nós vamos embora de casa. Não dá mais!
            É lógico que Norma e eu caíamos na choradeira. Aonde iriam eles? Onde dormiriam? Teriam dinheiro pra se sustentar? E ficávamos insones, remoendo as palavras ditas na hora das discussões, chorando e rezando por eles, até que o sono nos apaziguasse. Não se passavam muitas horas, mas já de madrugada,  e ... Pã !pã! pã! , ( batidas na janela )
            -- Norma, Sônia, abram a porta.
            Corríamos loucas de alegria e de alívio, para abrir a porta dos fundos, destravando aquela barra de ferro, e voltando a chave. Em silêncio e rindo à socapa, entravam e cada um de nós ia para seu quarto. Depois da morte da Sêti, o Ito ficara com o quarto da avó, e o Nelson dormia no quarto em frente. 
             Na adolescência e na juventude, tinham vida social intensa. Como os irmãos mais velhos já não iam tanto a bailes e a aperitivos dançantes, os gêmeos, iam sorrateiramente ao quarto de Labib e Nassib, e, abrindo as gavetas, se serviam generosamente de roupas novinhas dos irmãos mais velhos guardadas para ocasiões especiais. E lá iam eles, elegantes, com camisas ou ternos novos para o clube. Só que, quando Labib e Nassib descobrissem o empréstimo compulsório, seria o caos!
       Os gêmeos formaram-se no Curso Técnico de Contabilidade no Guedes de Azevedo. Foi uma cerimônia de entrega de certificados muito bonita e emocionante. O diretor da escola chamou Sálua para que ela entregasse os diplomas aos gêmeos formandos.. Foi uma atitude muito gentil e comovente da diretoria. A foto gravou o momento de felicidade de Sálua e as atitudes de respeito de toda banca de professores, aplaudindo-os em pé. E ficarão na memória as figuras lindas dos gêmeos, em ternos brancos, com rosto iluminado de amor pela mãe e pela alegria da conquista.
           
         Em resumo, os gêmeos eram o movimento, a alegria, a animação, a energia da Cussi Júnior, 11-40.