quinta-feira, 2 de outubro de 2014

21 - Nelson



21 - Nelson



                 






        Nelson foi o herói da minha infância. Bonito, inteligente, espirituoso, agradável, simpático, bem arrumado sempre, sempre com as roupas impecáveis. Um janota de fino trato, mas um janota de espírito e de cultura. Cinco anos mais velho,que eu, rodeado de amigos felizes como ele, era sempre o provocador de brincadeiras e de gargalhadas, tanto em família, como na vida social. Sabia tirar uma graça dos fatos mais comuns. Desde o atender ao telefone, até à entrega de presentes no Natal ( todos os anos seguindo o mesmo ritual). 
        Ao atender o telefone, encostava o aparelho no traseiro e ficava falando alto,: "Alô! Alô!"  e cada vez mais alto como se fosse possível ouvir daquele modo. Fora a cara engraçada que ele fazia, arregalando os olhos e cunhando na face o ar de incompreensão. Lógico, eram gargalhadas de sua plateia favorita: sua família. E, no Natal, recebia o presente das mãos de Alfredo, e, sem abri-lo, propunha troca com o Labib, porque sabia que só a cor seria diferente. 
       Nos esportes, destacava-se com prêmios, medalhas e taças, principalmente na natação e no tênis. E ainda ganhou certos prêmios no xadrez. Esses prêmios eram expostos numa cristaleira, na sala de música, junto com as taças de bridge que nosso pai conseguia em campeonatos regionais..  Seu fã clube o apelidara de Aranha e o seguia nas competições, torcendo por ele. Foi campeão de tênis do interior, campeão do torneio Capivara de xadrez. E muitas vezes campeão de natação. Nadava muito, foi vice-campeão paulista, 100 metros livre,  Enfim; um desportista.
        Com uma vida social tão intensa, ainda juntava mais um talento: o de dançar muito bem. Ele e Wilson não faltavam a nenhum baile, fosse no Tênis, no Automóvel Clube, ou em outros lugares. E, nos aperitivos dançantes, eram figuras carimbadas.
         

         Certo fim de semana, Nelson com seus 18 anos, foi com  seus amigos a um baile em Pirajuí. Na volta, houve um acidente e Nelson teve a clavícula quebrada. Depois do susto, nos dias que se seguiram, nossa casa parecia um verdadeiro clube de tanta gente que veio visitá-lo. Sálua ficou toda orgulhosa do filho: " O Tênis inteiro veio ver meu filho!" E, à noite, os irmãos e irmãs se revezavam para ficar no quarto com ele, velando-o. Ai, dengo!.
          Nelson tem voz poderosa de barítono. E canta esplendidamente. Sempre fui e continuo a ser sua fã. Do seu repertório habitual, constavam: Granada, Cucurrucucu, Paloma, Recuerdo,  Dos Almas, Besame Mucho,  História de Un Amor, Escreve-me, La Barca, El Reloj e o que estivesse em voga. A voz do Nelson atravessava os muros e as paredes da casa e quem passasse, pela rua, se detinha para ouvir até o fim. E os vizinhos se debruçavam em suas varandas para ouvir melhor.
         Quando ele começava a cantar Recuerdo, Sálua fugia dele e ele a perseguia cantando.  Ela cobria os ouvidos pra não escutar os versos:

 " Si quieres un recuerdo de mi
pidelo ahora
Yo voy partir y puede ser 
que por aqui no vuelvo nunca más." 

e Sálua fazia aquela carinha chorosa de sofrimento de separação!! Isso em repetidos domingos.
.Outra música da qual minha mãe também protagonizou uma cena cômica foi Jura-me





Jura-me

Altemar Dutra

"Todos dizem ser mentira que te quero
Porque nunca tinham me visto enamorado
Eu te juro que min'alma não entende
A razão de eu estar apaixonado
Quando estou perto de ti estou contente
Eu quisera que de nada tu lembrasses
Tenho medo que a sombra de outro afeto
Desfaça um dia esta ilusão tão cara
Jura-me que hás de ter no pensamento
A lembrança do momento
Em que eu te conheci
Olha-me com o teu olhar profundo
Que é a coisa deste mundo
Mais bonita que já vi
Beija-me com um beijo apaixonado
Como nunca fui beijado
Desde o dia em que nasci

Ama-me, com fervor e com loucura
E sentirás a amargura
Que estou sofrendo por ti "

       Na parte grifada, minha mãe estrilava: "Desaforado!" Ciúmes de mãe.

 A vocação social do Nelson o impunha entre todos e, graças a isso, foi eleito presidente de um clube, o Grêmio, muito jovem ainda.


        Nelson tem personalidade cativante: as pessoas que o conhecem, desde o primeiro momento sentem-se atraídas e subjugadas por seu magnetismo e simpatia. Tem o dom de envolver as pessoas  num clima de familiaridade e de bom humor. Por isso mesmo é difícil andar com ele pelas ruas de Bauru. Sempre é abordado por conhecidos, amigos, colegas, ex-colegas, vizinhos, ex-vizinhos. Todos querem cumprimentá-lo e trocar com ele algumas palavras. E de todos ele se recorda. Tem uma memória minuciosa, como convém a um advogado. 
         Quando Nelson entrou na ITE, no curso de Direito, ninguém ficou surpreso. Era esse seu destino e seu dom. Olhem só a foto do vestibulando.
 

                                           
                                   

        

          Nelson, estudante de Direito: um verdadeiro ator. Em dias de prova, não fazia a barba, ia com aquela cara de quem passou a noite estudando, amarrotada, pisada, olhos fundos. Que figura!!. Mas duvido que algum professor caísse no engodo. 
        Esse meu irmão era muito mimado. À mesa, nas refeições, em geral era a Norma quem lhe fazia o prato. Ia colocando, uma a uma, as colheradas de arroz, a conchada de feijão, salada, bife, legume, tudo bem disposto e ordenado. Feito isso, não faltando nada, a outra pândega , com o prato feito na mão esquerda, simulava uma balança e...
        __ Estão faltando 200 gr. E lá ia mais uma colherada de algum alimento!! 
         Todos os dias era tudo sempre igual.
         Nelson também se destacava em casa pelo comodismo. Se chegasse, tarde da noite, com fome, nem abrir a geladeira ele o fazia. Dormia com fome. Nunca fez um sanduíche, ou fritou um ovo, ou preparou um copo de leite. Hahahá! Típico machão.
        Outro fato corriqueiro era quando, ao chegar de algum evento social, ia pro quarto dormir, mas, assim que se deitava:
         -- Normaaaa, Sôniaaaa!
        As duas irmãs, adolescentes, acorriam céleres. Se o Neto as estava chamando, é porque tinha novidades.
         -- Oi, que é? 
         E ele, com a maior cara de pau:
         -- Apaguem a luz!
Casa antiga, interruptor longe da cama. E tome guerra de travesseiros, seu enganador!! Hahahá!

      E Nelson advogado? Maravilhoso. O cliente sente que está em boas mãos, e sob o olhar atento de alguém que conhece profundamente sua profissão, as leis, os usos, os enganos. 
         Minha amada cunhada Lenita sempre me dizia que, se ele quisesse, seria o melhor advogado de Bauru. Só que ele nunca teve essas vaidades, de querer ser o melhor. Mas, quando Osvaldo, eu e Karen  fomos mergulhados, graças à inépcia de um famoso advogado paulistano, num labirinto de angústia, Nelson largou todos seus compromissos pra nos acompanhar numa reunião decisiva com a bancada paulistana. Numa sala imponente e inibidora, entre todos  os advogados e desembargadores, vimos muito bem  quem sabia tudo e que apontava onde fora o erro que nos deixara naquela situação . 
         Quanto aos amores, teve muitas namoradas.  Solteiro, um conquistador, um Don Juan. Namorou moças bonitas , inteligentes e de boa formação, da sociedade bauruense. 
         A agência de carros ficava na Rua 1o. de Agosto. E, vizinha ao prédio, morava uma das moças mais belas de Bauru. Helena Franco. A proximidade entre o trabalho dele e a residência dela propiciou olhares entre os dois, num flerte cada vez mais apaixonado. Até que começaram a namorar. E com ela era pra ser assim: namoro sério. E ele se apaixonou pela linda jovem, de olhar sincero e puro, com porte de rainha. Uma beleza que não passava despercebida em nenhum lugar. 
         O namoro progredia e, a cada dia, os laços se tornavam mais fortes e significativos. Lógico, Nelson não perdia a chance de prendê-la ,e, pra isso, usava sua voz. Nada mais apropriado que uma música com o nome dela: Helena!
        
              Eu ontem cheguei em casa,Helena,
Te procurei e não encontrei
Fiquei tristonho a chorar

Passei o resto da noite a chamar
Helena, Helena vem me consolar - bis

Mesmo depois de cansado
O teu nome eu chamava baixinho
Helena dos meus encantos vem me fazer um carinho
E fiquei desesperado, cadê Helena meu bem
O dia já vem raiando e a minha Helena não vem
Por que será...?

Link: http://www.vagalume.com.br/miltinho/helena-helena.html#ixzz3Er8ydTao 
         Ou então cantava a letra romântica feita para a Polonaise de Chpin:

          "Para sempre teu
           Para sempre tu e eu..."
            Lenita - era assim que a deusa era chamada carinhosamente por todos que a conheciam -  venceu qualquer resistência ao casamento, e, na Igreja de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, Nelson e ela  uniram suas vidas pra sempre. 
         
         A vida dos dois, no começo, foi difícil, mas eles iam superando todas as dificuldades
         Alguém pode me perguntar se Nelson, depois de casado, continuou espirituoso, fazendo sempre piadinhas. Sim, minha gente. Nelson não mudou porque sua maior fã era sua esposa. Ele contava às vezes piadas bem sem graça e ela ria, deliciada. Por isso ele continuou a mesma pessoa feliz que era quando solteiro.         
        Em dois tempos, essa maravilhosa criatura, Lenita, aprendeu os segredos da culinária libanesa e agradava seu marido com um sem número de delicadezas e de atenções. Podemos dizer que, sendo moderna, Lenita tinha uma vida matrimonial às antigas. Sua vida girava em torno do marido e dos filhos. E, na vida de casada, continuou a despertar admiração pela beleza, pela educação, pela cultura, pela inteligência. E o melhor da Lenita. Quando estava brava com alguma coisa, sai de baixo, pessoal. Nisso ela e eu nos distanciávamos. Sempre fui muito palerma e nunca cheguei a brigar ou a discutir seriamente com alguém. Não sei fazer isso. Enquanto nós duas éramos farinha do mesmo saco em tudo o mais, aí nos diferenciávamos.
      
          Entre todas as cunhadas, que são pra mim verdadeiras irmãs, foi com a Lenita que sempre me identifiquei mais: somos as duas muito distraídas, muito fora do eixo, muito no mundo da lua.  Somos as duas um tanto atrapalhadas com as coisas, com as bolsas, com o enfoque sobre os acontecimentos. As duas muito vidradas em literatura. por isso chamávamos uma a outra de irmãzinha.
            Lenita e eu conversávamos muito ao telefone. Duas a três  vezes, por semana, sempre. Contávamos uma a outra o que contaríamos às nossas irmãs mais chegadas. Pra mim, ela era admirável, na beleza, na cultura, no modo de educar os filhos. Tínhamos os mesmos gostos para roupas,livros, bolsas e calçados. Era muito engraçado! Um dia, Adriana tirou minha bolsa do meu braço, achando que era a da mãe. Pois eram iguais!
         Nelson e Lenita tiveram três abençoados filhos: Adriana, Eliana e Nelson. Os três lhes dão sobejos motivos de orgulho e de felicidade.
         Nelson foi  vereador, em Bauru. Não era uma atividade que a Lenita aprovasse, mas deu-lhe todo o apoio. Anos depois, Nelson afastou-se das lides políticas e dedicou-se inteira e apaixonadamente  à sua profissão de advogado.
         
         Quando meus pais ficaram sós na casa da Cussi Jr, Nelson e Lenita, uma noite foram visitá-los. Naquele casarão, antes povoado de vozes e de risos, só estavam os dois, na sala, de mãos dadas assistindo à TV. Nelson sentiu uma grande dor no coração, por ver assim a passagem do tempo e as mudanças que esse mesmo tempo opera na vida.Com o intuito de confortá-los, ficaram ali até tarde da noite, tomando um café, como era costume da casa.
         Nelson tem um gênio muito forte. Mas Lenita sabia como lidar com isso. Viviam bem, porque o amor os amparava e os definia. À noite, juntos, frente à TV, assistiam a filmes de mãos dadas. Sempre. Como nossos pais.
        Esse meu irmão é daquele tipo antigo de machão. Portanto foi com muito orgulho que ouvi dele, por diversas vezes, uma frase impensável para esse tipo de homem:" Sônia, eu amo o Osvaldo." Pois é, Nelson. Essa frase foi um presente pra nós, mas não se esqueça de que eu o presenteei com esse cunhado.
        Com toda a azáfama de um lar com três filhos, Lenita conseguia não só educá-los, trazê-los sempre arrumados, o marido sempre elegante, como ela própria também estava sempre muito elegante, cuidada, penteada, cheia de classe a qualquer hora do dia. A ponto de um vizinho pensar que ela não pusesse as mãos na cozinha, de tão fina  que era. Aí minha cunhada lhe deu uma boa resposta!! Hahahá! Sai de baixo!
         Na comemoração do 70o. aniversário de Lenita, todos estavam felizes, esfuziantes. Eis um momento desse dia.   
     
        
                              
       
            Depois que nossos pais foram chamados por Deus, a casa da Rua Cussi Jr ficou desabitada, por alguns anos. Num dia, Nelson foi até lá para ver como estava a casa, se havia folhas de uva na parreira. Chegou e, coração descompassado, entrou pela sala, como sempre foi o costume. Foi percorrendo, um a um, seus cômodos. Com saudade gritante, foi  evocando imagens do passado.  Depois disso, foi ver a parreira no corredor, atrás do quarto de Sálua e Alfredo. Estava carregada de folhas lindas e novas.  Uma a uma foi colhendo as folhas, cortando-as com os dedos, enquanto seu pensamento divagava no passado.  Tinha levado no bolso um saquinho plástico, com a  intenção primeira. Saiu da casa, com a alma um tanto magoada, mas com uma alegria estranha de ter estado na casa paterna, em ter colhido as folhas e ter visto a parreira tão forte e viçosa. Quando chegou ao seu lar, entregou o pacotinho de folhas pra Lenita, que imediatamente, foi lavá-las. Em alguns minutos, estava de volta:
         -- Nelson, quem ajudou você a colher as folhas?
         -- Ninguém. Colhi sozinho.
         -- Olhe o que achei no fundo do saco plástico.
         E mostrou pra ele uma tesourinha, gasta, um tanto enferrujada, que ele reconheceu de imediato:
         -- É de minha mãe! Ai, meu Deus! Ela então procurou me ajudar, porque colhi uma a uma cortando com os dedos.
         Foi um acontecimento extraordinário. O Nassib também tivera uma aparição de minha mãe.(Muito depois, senti uma pontada de dor: por que minha mãe não dá um sinal pra mim? È que sou mesmo uma parede.) 
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          Não quero falar da perda da Lenita. É uma dor viva e constante para todos nós. E uma dor inconformada do marido. Nelson sempre falava pra Lenita que queria morrer antes dela. Deus assim não quis. Só digo por mim: ela está presente em meus dias, como a irmã amorosa que Nelson me deu.

         Notícias:
         Adriana: cursou magistério e Direito. É supervisora de ensino, concursada. O espírito arguto e brincalhão herdou do pai. A beleza e a responsabilidade feminina, herdou da mãe. Adriana e Joaquim têm três filhos, Paula, Laura e Pedro, que são instantaneamente amados, como os pais: 
         Eliana: cursou, como a irmã, Magistério e Direito. É coordenadora de  doutorado na ITE, professora na USP de Ribeirão Preto . Também, se não bastasse tudo isso, dá aulas em universidade de  Manaus, uma vez ao mês.. Oh là là! Patrick é seu filho  lindo, que tem olhos verdes como a mãe.
         Nelsinho: quando criança, de tão sapeca, era meu menino maluquinho. Mas quem leu o livro até o fim sabe que o menino não era maluquinho,  era feliz. Cursou Veterinária e é um talento no assunto. É muito ativo,  cheio de energia, e lembra bastante seu avô Alfredo. Sofia, menina adorável, é sua maravilhosa filhota, muito amada por todos.
         E Nelson? Enfrenta a perda da amada, continua a advogar. E sempre com aquela chusma de amigos, colegas, clientes e admiradores.
         Quando esteve fazendo um tratamento de saúde e precisou ser internado, o que não faltou foi gente querendo passar a noite ao seu lado, no hospital,  no caso de ele precisar. Era secretária, eram amigos, eram colegas, eram assistentes. Admirável! Até cliente se dispôs a passar a noite ali com ele. É o valor de sua personalidade. 

         Continua a advogar e sempre com brilho e sensatez. Mas não peçam que ele não se envolva quando o cliente for da família. Aí ele defende seu familiar com tanta paixão que a diplomacia fica em segundo plano.
         Acabei de falar com ele e lembramos suas cantorias. E, no entusiasmo e delícia da recordação, ele cantou uns bons trechos de muitas músicas. Ah, a voz ainda é portentosa e o canto continua agradável e emocionante. E cantou, ao telefone, a única versão  em português da Polonaise de Chopin. Poucos, raríssimos a conhecem.
          Acostumado a trabalhar muito e a não ficar parado, Nelson foi, com o tempo, apresentando uma palidez que não lhe era típica. Lenita levara-o aos médicos e, a partir daí, teve que se acostumar a tomar medicações e transfusões de sangue. Era Lenita quem cuidava dele, do horário dos remédios, das visitas ao médico, do agendamento dos exames. E, quando Lenita adoeceu, Nelson é quem cuidava dela, com todo o amor. Aquele machão às antigas que nunca fritara um ovo, passou a cozinhar, a  preparar saladas e ceias no afã de que ela se recuperasse, com a energia que só a alimentação pode oferecer. Um amor como poucos.
         Os anos se passaram e o tratamento para o Nelson  foi ficando mais e mais complexo. Nesse ponto, seu amigo Shubert, amigo desde a adolescência, levou-o a uma clínica fora dos padrões convencionais. Era a de um médium que trata seus pacientes através da força espiritual de seu anjo guardião. 
         A partir daí, e contra todos que se opunham à sua inclinação, Nelson continuou com o tratamento espiritual. No início, o médium, conhecido como  Doutorzinho, aconselhou seu novo paciente a não abandonar o tratamento médico instituído. Aconselhou-o também a tomar a medicação prescrita pelos médicos. Depois  de  muitas sessões ,  de muitas transfusões espirituais, Nelson foi submetido a um transplante de medula, realizada pelo Doutorzinho..     
        Nelson tem fé e a fé o salva. Seu ânimo continua o mesmo, sua energia é igual, e é imensamente grato ao Doutorzinho. Vai à feira aos domingos, leva e busca o neto , em seus compromissos, quando é chamado.   E trabalha com afinco. Deus abençoe quem tem fé ,quem a propaga e não a desmerece.
        ..     Conviver com o Nelson é conviver com o brilho de um astro. Ele eclipsa tudo ao redor.
        .Em suas noites solitárias, Nelson escreve cartas a Lenita. Cartas de amor e de saudade. E de muito reconhecimento à  esplêndida mulher com quem repartiu sua vida.