quinta-feira, 28 de maio de 2015

46 - Primeira Comunhão


46 - PRIMEIRA COMUNHÃO

          Primeira Comunhão, um dia maravilhoso para nós. Encontrei essas fotos: Labib e Nassib recebendo a Primeira Eucaristia em Piratininga. Norma e eu, em Bauru.


                                                            Labib





                                                    

                                                             Sônia





       
    

quarta-feira, 20 de maio de 2015

56 - Apostas, whiskys, lágrimas e risos




      56 - Apostas, whiskys, lágrimas e celebração 

         Quando Nelson foi nos buscar em Campinas, depois da cirurgia de catarata  bem sucedida em minha mãe, não resisti e contei ao meu irmão que Osvaldo e eu estávamos em conversações sérias. .A reação do Nelson foi incrível. Ergueu o braço pra mostrar como estava arrepiado de emoção e de alegria.
     É.Sempre desconfiei que minha família gostava mais dele que de mim! 
      O Benjamin fez uma aposta comigo: que Osvaldo e eu voltaríamos a namorar em 13 de março. estávamos em janeiro! E eu não via possibilidade de acontecer tal coisa. Tudo andava devagar demais. Uma garrafa de whisky era o valor da aposta. Estávamos em janeiro, ó céus! Muito tempo para tanta ansiedade.
       Janeiro, fevereiro, março. Osvaldo me pôs à prova. Ia a Bauru e só dava o ar da graça  na hora de ir embora para São Paulo. Parava num posto, antes de ganhar a estrada e  telefonava. Lógico que eu ficava com a cara no chão e sentia que os bons fluidos tinham me abandonado. E nem adiantava sapatear de revolta. É, cada vez sentia mais que eu ganharia a aposta com o Benjamin. Muito a contragosto, esclarecendo.

       Dia 13 de março chegou. E incrível! Era ele ao telefone!  Osvaldo me convidou para sair. Pus o vestido mais insinuante e com o qual me sentia irresistível, (era de jérsey, de alças cruzadas nas costas, estampado de verde, borrifei meu perfume predileto, Dioríssimo, cuja fragrância poderia funcionar como uma droga entorpecente, penteada no salão, unhas feitas e brilhantes, maquiada, salto alto, sempre (naquela época) e fui ao seu encontro, com passos firmes e levemente apressados,  disposta a derrubar a muralha da China.
      Estávamos no cinema ao ar livre e , de repente, na dura, ele me declara que  resolvera não reatar o namoro. Toda a minha presunção, toda minha preparação, toda minha ansiedade, minhas ilusões, meus sonhos, tudo ruiu. A muralha era indestrutível, indevassável. Estava blindada no aço da desconfiança e do rancor. Chocada, lágrimas jorraram de meus olhos. Tudo acabado. Nunca mais. Adeus ao amor.A cachoeira salgada teimava em não estancar. De repente, um abraço delicioso e... reatamos. Quem há de entender?
       Depois de alguns minutos, confidenciou-me que não aguentara me ver chorar. A força das lágrimas.  "Lágrimas, estrelas do sofrer,/ Sede benditas!" (Perdão ao poeta). Bom, era uma ótima dica para um futuro a dois. Quando as coisas não saíssem a meu contento, bastaria franzir os olhos, fungar um pouco e ohlala! Tudo bem, vamos ver no ano que vem.

       Marcamos o casamento pra 22 de setembro do ano seguinte.
       Lógico que meu cunhado querido, Benjamin, cobrou a aposta. Ninguém nunca perdeu uma aposta mais feliz que eu! A garrafa sempre foi guardada com zelo pela família. Está lá na casa da Tânia e Sandra, pra lembrar o que passou.
       De posse de sua confidência, feita naquele célebre dia 13 de março, em outras situações em que quis convencê-lo de alguma coisa. punha--me a chorar. Ou porque nunca tive o dom da interpretação teatral, ou porque Osvaldo se tornara mais tarimbado  às minhas lágrimas, nunca mais o venci por esse caminho. Minha estratégia ficou meio manjada. Buaaaaá! 

     O casamento foi na Igreja Santa Teresinha, e o celebrante foi o então Padre Luiz. (Triste a expressão: então padre.) Meu futuro marido estava tão agitado, que tinha posto o terno sem tirar a bermuda. Da minha parte, a coisa não andava mais lógica: na véspera eu colocara o despertador na geladeira e fizera outras ações ilógicas. As famílias, às gargalhadas, nos chamaram à Terra.
       Por incrível que possa parecer, eu, que sempre amara vestido branco, e sempre tinha algum no meu guarda-roupa, na hora de comprar o tecido para o famoso vestido de noiva, só me via com cor azul bebê ou rosa bebê. Pois comprei rosa bebê. Escolhi um modelo de um figurino italiano e amei. Tudo sem rebuscamentos. Uns bordados nas mangas e só. Sem cauda, sem sofisticação, mas de linhas de bom corte. Abigail, obrigada. Ficou lindo meu vestido!
       Quanto às músicas, meu coração queria ouvir na hora agá do casamento O Que Será  de Chico, com Chico e Mílton. Mas a letra enigmática me desconcertou um pouco. Afinal: o que seria O Que Será? De repente O Que Será poderia ser uma definição de um apelo incandescente sexual? Oh, ou, mais romanticamente, umas definições de amor? Analisando verso a verso, cheguei à conclusão que a letra nem de longe lembrava um romance cor de rosa, de M Delly. Na dúvida cruel, embora amasse os versos e a música do Chico,  acabamos por escolher Fascinação, com Elis Regina.  Afinal quería no momento um casamento à moda dos romances Biblioteca das Moças.
 
       Osvaldo e eu, de mãos agarradas e inquietas de tanto nervosismo, apertávamos nossos dedos, para nos infundir calma, mas só tremíamos mais. Só para ter ideia: ficamos cegos a tudo e a todos, só enxergando o Padre Luiz e mal ouvindo suas palavras.Nem vimos nossos padrinhos no altar. 
        Depois ... a festa. Nela o clima físico e psicológico não poderia ser melhor. Entrada da primavera, semblantes faiscantes  de ilusões e de esperanças.


       Às cinco horas da tarde, a casa cheia de amigos e de parentes, com risos e alegria pipocando no ar, partimos.
       Um apartamento em Jacareí, na Avenida Senador Joaquim Miguel, mobiliado com gosto, em estilo moderno e prático, estava à nossa espera.  Osvaldo e eu estávamos  prontos para iniciar nossa vida a dois, prontos para nos dedicar um ao outro, até que a morte nos separasse.Foi com essa intenção que casamos.